sexta-feira, 1 de abril de 2016

#1

Desde os 14 anos que tenho psoríase. Uma condição que apareceu inesperadamente, sem pedir licença e que tomou conta de grande parte da minha vida. Durante muitos anos, deixei que o estado da minha pele me definisse. Deixei me rebaixar por muitas pessoas por achar que não merecia melhor, devido ao meu aspecto.

A psoríase é matreira. Ela aparece quando te sentes mais em baixo. Não tem dó nem piedade, é como se o teu próprio corpo te estivesse a atacar por não estares bem. Se deixares, ela corrói-te o espírito e não sabes mais quem és. Apenas sabes que és uma pessoa com uma pele feia. O problema é que ela é muito mais que um pequeno problema de pele. É um estado inflamatório constante que te pode trazer consequências no futuro, ao nível de outros órgãos.

Infelizmente, sentiste na pele o preconceito e o julgamento, de pessoas ignorantes. Pessoas que não têm culpa de serem assim, mas que te fazem sentir mal contigo própria. Os miúdos na escola têm mais uma desculpa para te gozar, cresces e tens adultos a te perguntar se não tomas banho. Fazem-te pensar duas vezes antes de tomares qualquer decisão; por mais que negues, incomoda-te que alguém esteja a olhar para a tua pele. Incomoda-te quando te perguntam se te queimaste ou quando te mandam esfregar um sabonete que funcionou numa tia. Ou quando te respondem “pelo menos não é cancro”, “não mata”.

Mas um dia aprendes que não tens culpa. Não foi algo que escolheste ou que decidiste ter. Tens marcas no corpo que vão ficar para a vida. Tens que aceitar e acreditar que cada cicatriz te torna mais forte, faz de ti uma guerreira e não uma pessoa doente.
É fácil? Não. Tens dias em que te sentes uma merda e outro em que te sentes um super-herói. Não existe meio termo na psoríase. Leva-te ao extremo das emoções. Conheces a maldade que existe na humanidade, mas também muita gente boa pelo caminho. Tornas-te forte, mas frágil ao mesmo tempo. É assim a psoríase.

Imagem retirada de Pinterest

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