Desde os 14 anos que tenho psoríase.
Uma condição que apareceu inesperadamente, sem pedir licença e que tomou conta
de grande parte da minha vida. Durante muitos anos, deixei que o estado da
minha pele me definisse. Deixei me rebaixar por muitas pessoas por achar que
não merecia melhor, devido ao meu aspecto.
A psoríase é matreira. Ela aparece
quando te sentes mais em baixo. Não tem dó nem piedade, é como se o teu próprio
corpo te estivesse a atacar por não estares bem. Se deixares, ela corrói-te o
espírito e não sabes mais quem és. Apenas sabes que és uma pessoa com uma pele
feia. O problema é que ela é muito mais que um pequeno problema de pele. É um
estado inflamatório constante que te pode trazer consequências no futuro, ao
nível de outros órgãos.
Infelizmente, sentiste na pele o
preconceito e o julgamento, de pessoas ignorantes. Pessoas que não têm culpa de
serem assim, mas que te fazem sentir mal contigo própria. Os miúdos na escola
têm mais uma desculpa para te gozar, cresces e tens adultos a te perguntar se
não tomas banho. Fazem-te pensar duas vezes antes de tomares qualquer decisão;
por mais que negues, incomoda-te que alguém esteja a olhar para a tua pele. Incomoda-te
quando te perguntam se te queimaste ou quando te mandam esfregar um sabonete
que funcionou numa tia. Ou quando te respondem “pelo menos não é cancro”, “não
mata”.
Mas um dia aprendes que não tens
culpa. Não foi algo que escolheste ou que decidiste ter. Tens marcas no corpo
que vão ficar para a vida. Tens que aceitar e acreditar que cada cicatriz te
torna mais forte, faz de ti uma guerreira e não uma pessoa doente.
É fácil? Não. Tens dias em que te
sentes uma merda e outro em que te sentes um super-herói. Não existe meio termo
na psoríase. Leva-te ao extremo das emoções. Conheces a maldade que existe na
humanidade, mas também muita gente boa pelo caminho. Tornas-te forte, mas
frágil ao mesmo tempo. É assim a psoríase.
Imagem retirada de Pinterest
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