domingo, 5 de março de 2017

#10 - Inimigo número um

O STRESS!! 

Na minha opinião, o stress é sem dúvida o inimigo número um da Psoríase. Já perdi a conta de quantas vezes me encontrava relativamente bem e bastou um momento mais tenso ou um pouco de ansiedade, para que no dia seguinte acordasse com a pele cheia de placas. 

Aliás, como já referi anteriormente, a Psoríase apareceu num momento de grande stress na minha vida. 

Torna-se um ciclo vicioso. O stress causa aparecimento de mais placas e estas, por sua vez, causam stress a quem as tem, dificultando o tratamento. Apesar de cada vez lidar melhor com a minha pele, cada vez que vejo uma nova marca, fico um pouco triste. Confesso que não sei lidar muito bem com o stress e a ansiedade. Sinto imensa dificuldade em me acalmar. Apesar de parecer relaxada fisicamente, o meu cérebro não pára. Não consigo adormecer e quando o faço, o sono é agitado. Tudo isto contribui para que a minha pele se ressinta. É algo que tenho que aprender a controlar melhor, mas ainda não tenho os mecanismos e “truques” suficientes para o conseguir. 

Já tentei meditação, mas sou demasiado impaciente. Não me consigo concentrar em algo que demore muito tempo. 

O que notei que me ajudou um pouco foi fazer aulas de “Body Balance”, uma mistura de ioga, tai-chi e pilates. Com a mudança de país, deixei de fazer estas aulas, mas é algo que estou a considerar voltar, em breve. 

Imagem retirada de Pinterest.com

sábado, 18 de fevereiro de 2017

#9 - Então o que é a Psoríase?

Muitos de vocês que lêem o meu blog, provavelmente já sabem o que é a Psoríase há imenso tempo. Se calhar já estão fartos de saber, mas nestes meses tenho recebido algumas mensagens no Facebook, de pessoas que descobriram a doença há pouco tempo e estão bastante confusas. 

Durante muito tempo também me senti bastante confusa e zangada. Um dia decidi pesquisar a fundo o que era isto e foi aí que comecei a compreender um bocadinho melhor os mecanismos da minha pele e muitos porquês finalmente tiveram uma resposta. Considero este processo essencial para a aceitação da Psoríase. 

A psoríase é uma doença crónica da pele, não contagiosa, que pode surgir em qualquer idade e que afecta 1 a 3% da população. O seu aspecto, extensão, evolução e gravidade são muito variáveis, caracterizando-se, geralmente, pelo aparecimento de lesões vermelhas, espessas e descamativas, que afectam preferencialmente os cotovelos, joelhos, região lombar e couro cabeludo. Nos casos mais graves, estas lesões podem cobrir extensas áreas do corpo. As unhas são também frequentemente afectadas, com alterações que podem variar entre o quase imperceptível e a sua destruição.
http://www.psoportugal.pt 
As causas da Psoríase ainda não são totalmente conhecidas. sabe-se que é geneticamente determinada, mas isso não significa que os nossos filhos a irão herdar. Os meus pais não têm Psoríase, por exemplo.  

Existem vários tipos de Psoríase: couro cabeludo, placas, gutata, inversa, eritrodérmica, com Pústulas e não esquecendo a artrite psoriática.

Aparece, geralmente, em períodos de grande stress. No meu caso, aquando da morte de um familiar bastante próximo. Na minha opinião, é uma doença bastante oportunista. Aproveita-se do facto de estarmos vulneráveis e ataca.


Para simplificar o processo, a Psoríase deve-se a uma inflamação crónica, onde o processo de renovação das células da epiderme, é acelerado. Em vez dos habituais 28 dias, os queratinócitos (células da epiderme) levam 3 a 4 dias a se renovar, fazendo com que estas células se vão acumulando à superfície da pele, começando, assim, a formar as famosas placas que conhecemos tão bem. 

Já não sinto tanto preconceito em relação às pessoas com Psoríase como há alguns anos. As redes sociais e a maior divulgação da doença ajudaram a combater o estigma associado, mas ainda existe e sempre irá existir algum preconceito e “medo” de pessoas com marcas na pele. 

A Psoríase não é contagiosa! Não mata e não tem cura, mas tem tratamento! É possível ter uma vida “normal”. Vamos lutar por isso, nunca baixar os braços ou desistir, mesmo nos dias maus (e eles vão existir para nos testar). Vamos ser ainda mais fortes!

Imagem retirada de Pinterest.com

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

#8 - Novas Relações

Como já comentei numa publicação anterior, sofri um grande desgosto amoroso no ano passado. Abalou-me durante uns meses, mas fez-me crescer e perceber que merecia melhor.

Durante essa antiga relação, que durou muitos anos, houveram momentos bons, como é óbvio, mas os maus deveriam ter sido suficientes para me afastar mais cedo. Não o fiz, aguentei uma relação onde fui traída, mais que uma vez, por achar que não merecia melhor. Acreditava, piamente, que nunca encontraria mais ninguém que gostasse de mim pelo meu aspecto. Como era possível que alguém pudesse amar esta pele quando eu própria não a amava? 

Isto pode parecer uma espécie de vitimização, mas não é o caso. A minha mente estava tão poluída com pensamentos negativos, tão tóxica ao ponto de acreditar que eu não tinha valor algum. Sempre fui uma pessoa fechada ao nível sentimental. Não consigo expressar estes sentimentos verbalmente e se calhar fui nisso que falhei. Não havia comunicação suficiente nessa antiga relação. 

Odeio falhar. Fico envergonhada, mesmo quando sei que tentei e não desisti, mas foi preciso esse grande falhanço para me transformar. Se não tivesse caído, jamais me teria erguido na mulher que sou hoje. Senti o meu coração se partir em bocadinhos quando ele me disse que havia outra pessoa, mas pensando bem, foi a melhor coisa que ele me podia ter feito. Se ele não me tivesse contado, provavelmente ainda estaria nesta relação sem futuro. 

Vim para Guernsey focada em melhorar a minha vida profissional e financeira. Nem queria pensar em outra coisa. Namorar estava completamente fora de questão. 

Aqui conheci aquele que se tornou o meu melhor amigo. Polaco e lindo de morrer. Desde o primeiro dia que tínhamos uma química excelente, mas ele tinha as suas "namoradas" e eu recusava-me a me apaixonar. Assim foi durante meses, tinha o meu companheiro sempre a meu lado. Fomos a todo o lado juntos, foi um verão inesquecível. Quantas vezes estivemos na praia, ele viu a minha pele e nunca me julgou. Apenas perguntou o que era. Não sabia, mas aos poucos eu estava a gostar cada vez mais dele. 

Há quase dois meses, ele perguntou-me se queria namorar com ele e eu aceitei, porque sei que com ele, se não tentasse, ia me arrepender.

Imagem retirada de Pinterest.com

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

#7 - De volta!

Após meses sem escrever no blog, estou de volta! 

A minha vida deu uma volta enorme, com ainda mais mudanças, mas todas boas! Aliás, não podia estar mais feliz com todas as decisões que tomei. Cada vez percebo mais que estou no caminho certo.

Tinha imensas saudades de escrever e sinto que tenho que voltar a treinar o meu português, está a ficar um pouco enferrujado.

Apesar de estar feliz, a pele não dá grandes tréguas, mas sinto que a minha psoríase está muito mais controlada desde que estas mudanças positivas aconteceram. Sem dúvida que estou mais em paz comigo própria, com os meus demónios e com a vida. Pela primeira vez, em muito tempo, sei o que quero, quem quero do meu lado e a não voltar àquilo que me fazia mal.

Confesso que sou preguiçosa, extremamente preguiçosa e nem sempre coloco as pomadas. Especialmente agora que é inverno e em Guernsey faz um frio como nunca senti na vida, não me apetece nada estar sem roupa, a esperar que a pomada faça efeito, antes do pijama limpar tudo.
(Se bem que tenho uma motivação extra para colocar as pomadas, mas logo falo sobre o assunto)

Imagem retirada de Pinterest


domingo, 17 de abril de 2016

#6 - Tatuagens

Existem sempre muitas dúvidas se podemos ou não ter tatuagens quando temos psoríase. Eu adoro tatuagens e tenho duas. Uma pequena no pulso e outra maior na perna.

Deduzo que a grande parte, se não todos, os dermatologistas não recomendam fazer uma tatuagem numa pele tão sensível. A verdade é que irrita a pele, causa traumas e sangra. Todos estes fatores são propensos ao surgimento de novas lesões psoriáticas. O mais importante é sempre falar com o vosso médico. Eu falei com o meu e ele explicou-me os riscos associados. Também considero crucial escolherem um sítio de confiança para realizarem a tatuagem e conversarem com a pessoa que vos vai tatuar. Expliquem a doença e vejam o que ele vos diz.
Outro conselho que posso dar é não tatuar em cima de pele com lesões. Evitem ao máximo, pois vai piorar a psoríase nessa área.

A tatuagem que tenho no pulso nunca me causou problemas, talvez por ser pequena. A da perna, é mais recente, tem cerca de 6 meses, e tenho notado o aparecimento de alguma psoríase. Não afeta a tatuagem, nem a faz desvanecer. Apenas é necessário ter mais cuidado e manter sempre a pele dessa zona, ainda mais bem, hidratada.  

As tatuagens fazem me sentir melhor. Fazem com que a atenção se disperse um bocadinho das minhas marcas e ajudam a minha autoestima.


Existem muitas tatuagens planeadas no meu futuro, portanto a psoríase que se aguente!!


quarta-feira, 13 de abril de 2016

#5 - Tratamentos

Convivo com a psoríase há cerca de 15 anos, sinto que já somos amigas próximas.
Em 15 anos fiz muitos tratamentos, uns convencionais, outros nem por isso. Quando estamos desesperados, tentamos de tudo.

Primeiro comecei com os tratamentos tópicos, pomadas e géis; todos os dias era um autêntico “pastar” de daivobet pelo corpo todo. Era pomada para o corpo, outra para o couro cabeludo; champôs que cheiravam muito mal e me deixavam com vontade de nunca mais tomar banho.
Cheguei a ir à Romilda, uma das experiências mais surreais da minha vida. Cheguei, sentei e a mulher que nunca tinha falado comigo, nem me visto alguma vez, disse exatamente tudo o que eu tinha. Não adiantou de muito, pois eu não sou a pessoa mais crente que existe e tratamentos naturais, não resulta comigo. Não consigo acreditar.

Tentei terapias holísticas, com pêndulos e sabe-se lá que mais. Não fiquei curada.

No ano passado, tive que realizar tratamento biológico, pois a minha psoríase tinha-se agravado imenso. Basicamente, tinha que tomar uns comprimidos, usados para tratar alguns tipos de cancro. Era uma espécie de quimioterapia. Foi a pior coisa pela qual passei. Senti imenso os efeitos secundários. Era necessário fazer análises todas as semanas. Estava constantemente com infeções e a tomar antibióticos. Era um cocktail de comprimidos que me estavam a deixar à beira da loucura. Resolvi parar e voltar às pomadas. A pele acabou por melhorar e eu sentia-me muito melhor.
Nestes 15 anos, ouvi algumas barbaridades, como a mais recente, vinda de uma colega de trabalho:
- O meu filho teve isso há uns anos atrás, tomou umas vitaminas e passou.

Só consegui respirar fundo. Existem alturas em que não temos vontade nenhuma de explicar que isto não passa com vitaminas. Isto não passa com um sabonete exfoliante. Isto não passa com um remédio caseiro, à base de urtigas, que a tua avó fazia.

Agora estou numa fase mais ou menos. Com a mudança de país, piorei um bocadinho, o que é normal. Ainda estou numa fase de estabilização e tinha a perfeita noção que a minha pele se ia ressentir, mas acredito que vá melhorar. A minha vida está a dar uma volta enorme e eu sei que a psoríase não vai mandar mais em mim. 

Imagem retirada de Pinterest


sexta-feira, 8 de abril de 2016

#4 - Relações

Quando um namorado me disse “que horror, isso pega?” com o ar mais enojado de sempre, fiquei ligeiramente traumatizada para a vida amorosa. Foi uma das situações em que me deixei ficar, pois achava que era o que eu realmente merecia.

A vida amorosa não é fácil quando se tem psoríase, pelo menos no meu caso.
Quando comecei a namorar, facilitava demais. Deixava que me pisassem e faziam o que lhes bem apetecia, pois, o meu medo de ser rejeitada ou abandonada era maior que a minha vontade própria.
Depois apercebi-me que eles não ficavam na minha vida, mesmo que eu só os tentasse agradar. Nunca me chateava, tinha sempre um sorriso e era demasiado permissiva. Mesmo assim não era suficiente. Então o muro que construí continuava a crescer, a ficar cada vez mais alto.

Foi necessário um grande desgosto amoroso para começar a viver novamente. Viajei sozinha pela primeira vez. Descobri que era capaz e que era corajosa. Aprendi a aceitar, um bocadinho mais, a minha pele. Olhei para um espelho, sem roupa e pela primeira vez na vida, não me senti envergonhada, nem culpada. Até senti um certo orgulho nas minhas marcas. Não as adoro, ainda não me sinto bonita, mas sei que estou no caminho certo. Só aos 29 anos é que percebi que nada está perdido; ainda vou a tempo de construir uma boa vida, sem mágoas.


O muro continua erguido. Sou desconfiada, não só nas relações, mas em todas as situações da vida. Não acredito que algo bom me aconteça ou que alguém seja gentil comigo, só porque sim. Acho sempre que é mentira quando me dizem que sou bonita, penso que estão apenas a tentar ser simpáticos ou que têm pena de mim. No fundo, ainda sou aquela menina assustada que tapava os braços no verão.

Imagem retirada de Pinterest